terça-feira, 26 de junho de 2007

Plataforma contra a Obesidade

Nota: Originalmente publicado n'O Insurgente.

Parágrafo de circular da Direcção Geral de Saúde:

A elevada prevalência da obesidade em Portugal, o aumento da sua incidência, a morbilidade e mortalidade associadas e os elevados custos que determina, constituem os principais fundamentos que explicaram a necessidade da criação da Plataforma Contra a Obesidade.

O objectivo desta perseguição aos obesos é, no texto citado, evidente: tentar travar o crescimento das despesas do Sistema Nacional de Saúde. Mas não deve um cidadão ter a liberdade de escolher o que comer?

Artigo 26º da Constituição da República Portuguesa:

1. A todos são reconhecidos os direitos à identidade pessoal, ao desenvolvimento da personalidade, à capacidade civil, à cidadania, ao bom nome e reputação, à imagem, à palavra, à reserva da intimidade da vida privada e familiar e à protecção legal contra quaisquer formas de discriminação.

O surgimento desta “polícia nutricionista” - encabeçada pela Plataforma Contra a Obesidade - é, cada vez mais, uma forma de discriminar quem escolhe uma ementa diferente. Ainda temos o direito de ser gordos. Mas por quanto tempo?

9 comentários:

Pedro Sá disse...

Nem tanto ao mar nem tanto à terra...

BZ disse...

???

Pedro Sá disse...

Isto é:

Se discriminar obesos é ridículo, outra coisa é prevenir a obesidade, que é uma doença.

BZ disse...

A prevenção da obesidade não pode discriminar quem é obeso. Isso é inconstitucional, não "ridículo".

Anónimo disse...

Essa plataforma pretende perseguir os obesos na rua? Impedi-los de frequentarem espaços, tirarem cursos de formação ou acederem a determinados serviços públicos? Obrigá-los a pagar impostos mais elevados?

Em que parte de "Plataforma Contra a Obesidade" está a "perseguição aos obesos"?

BZ disse...

"Em que parte de "Plataforma Contra a Obesidade" está a "perseguição aos obesos"?"

Caminha-se para aí. No Reino Unido já se discute a discriminação de obesos nos serviços públicos de saúde.

Daí eu ter escrito:
"Ainda temos o direito de ser gordos. Mas por quanto tempo?"

Anónimo disse...

Quem discute no Reino Unido "a discriminação de obesos nos serviços públicos de saúde" e em que termos?
O Governo e/ou o Parlamento estão a discutir a possibilidade de impedir o acesso dos obesos aos serviços públicos de saúde? Fazê-los pagar taxas moderadoras mais elevadas?
Todos os obesos, incluíndo os que são obesos devido a uma condição médica?

Tenho alguns problemas com o "caminha-se para aí"´. Por vezes não passa de gritar "fogo" à vista de uma caixa de fósforos.

E o "direito de ser gordo" está relacionado com a opção por ser gordo (se é uma condição e não uma opção não se coloca a questão de ser um direito ou não).
Se se é obeso por opção, então faz todo o sentido que se seja responsável por todas as consequências dessa opção, nomeadamente em termos dos custos dos cuidados de saúde.

Pedro Sá disse...

Pois exacto, porque a questão coloca-se ao nível dos custos.

BZ disse...

Joaquim Amado Lopes:

"Tenho alguns problemas com o "caminha-se para aí"´. Por vezes não passa de gritar "fogo" à vista de uma caixa de fósforos."

Sem avisos sobre os perigos de brincar com fósforos, mais cedo ou mais tarde alguém acaba "queimado".

"Se se é obeso por opção, então faz todo o sentido que se seja responsável por todas as consequências dessa opção, nomeadamente em termos dos custos dos cuidados de saúde."

Responsabilizar o cidadão pelas suas opções e, consequentemente, pelos custos das mesmas, significa também libertá-lo do pagamento de impostos. Claro que a referida Plataforma Contra a Obesidade defende outro caminho: reduzir as opções (e liberdade) do cidadão.